Tecnologia e versatilidade em ferrovias

Olá amigos participantes do fórum Railworks Brasil,

Nas postagens recentes que publicamos na pasta sobre História Ferroviária aqui no fórum, encontramos uma ferrovia de montanha que utiliza sistema de pinhão e cremalheira para subir o Monte Serreado na Espanha. Chamou-nos a atenção a automotriz empregada pela empresa Ferrocarrils de La Generalitat de Catalunya nessa ferrovia.

A Stadler GTW é uma família de automotrizes que diferem externamente, em vários projetos, pelo desenho de suas faces aerodinâmicas e pelas unidades de energia que as motorizam. Podem ser fabricados para rodar em diferentes bitolas e em ferrovias convencionais e de sistemas de cremalheira. Podem usar motores a diesel ou apenas elétricos através de energização por pantógrafo ou terceiro trilho eletrificado. A versão básica do equipamento é a GTW 2/6 (em alemão a sigla quer dizer Gelenktriebwagen que significa carro articulado). A definição 2/6 significa que dois dos seis eixos são motrizes.


O conceito básico é pouco convencional: o carro é impulsionado por um módulo de potência central, também conhecido como "Power Pack", onde o motor de tração que aciona cada eixo motriz é instalado sobre o truque de modo a contribuir com peso útil para a tração dos eixos motrizes. Os módulos das extremidades utilizam o espaço interno de forma eficaz, embora a automotriz seja dividida em duas metades pelo módulo de potência que possuí um corredor central para passagem dos passageiros. Eles são construídos com o piso rebaixado, exceto acima dos truques e nas extremidades (mais de 65% do carro é de piso baixo). Todos os confortos habituais que podem ser esperados de um trem moderno são fornecidos, tais como ar condicionado, uma sala polivalente, sanitários a vácuo (com banheiro adaptado para deficientes) e um sistema de informações para os passageiros.

Existem módulos de propulsão diesel com potência disponível variando entre 740 HP e 1.006 HP e os módulos de propulsão elétricos de 600 a 1.100 kW (800 a 1.480 HP).

A versatilidade do equipamento permite a expansão da automotriz pela simples instalação de um carro central (dotado de um truque de dois eixos) de um lado do módulo de propulsão, ou mesmo de outro módulo de energia entre os carros de extremidades.



Além das combinações possíveis alternando módulos motrizes e carros centrais, a automotriz pode se converter em Multíplas Unidades.


Será que algum dia teremos algo semelhante a isso por nossas terras?

Abraços do Edu.

Oi Julio,

Muito obrigado pelo verdinho. Acredito que cometi um erro de interpretação com a tradução da frase em alemão que em inglês ficou assim: Two light end modules, each with a bogie, rest on the power module, which produces useful traction weight on the driving axles. Traduzindo livremente pro português fica: Dois módulos finais de luz, cada um com um truque (?), descansam no módulo de potência, que produz útil tração peso sobre os eixos motrizes. Vou tentar descobrir mais coisas sobre a automotriz, procurando ficha técnica do fabricante para verificar a autenticidade da informação.

Abraço do Edu.

Olá amigos participantes do fórum Railworks Brasil,

Vou consertar um erro cometido na informação acima. As demais versões possíveis do Stadler GTW, cuja versão base é 2/6, são: Stadler GTW 2/8, Stadler GTW 4/8 e Stadler GTW 4/12.

Oi Julio e demais amigos participantes do fórum Railworks Brasil,

Realmente existem várias interpretações que se podem dar em textos técnicos. Mesmo alguns dos termos usados pelo amigo podem significar exatamente a sua tradução. Na busca por mais informações sobre o GTW e seu módulo de potência, que corretamente deveria ser módulo de alimentação, encontrei o vídeo abaixo:


Como ele é institucional da empresa Stadler Rail, aparecem outros equipamentos de sua linha de montagem que é vasta, uma vez que produtos fabricados pela SLM, empresa que adquiriu em 2005, também levam a marca Stadler.

Incluído no vídeo estão etapas de montagem dos veículos na fábrica. Em 2:22, a imagem exibe a montagem de um eixo motriz, dotado de sistema de engrenagem para uso em cremalheira, e podemos ver que o eixo não tem motor de tração, apenas engrenagens. Sendo assim, a interpretação do texto técnico de que motores repousam sobre o eixo faz sentido. Eu prefiro dizer que são instalados sobre o eixo.

Abraços do Edu.

Olá amigos participantes do fórum Railworks Brasil,

Já que trata-se de uma pergunta ligada a esse post, decidi colocar o assunto aqui e não abrir um novo post.

No entanto, eu não vou deixar de comentar a atitude totalmente diferente para com um fã de ferrovias entre as empresas. Tempos atrás, nosso amigo e modelador Odairmungo estava com vontade de modelar uma locomotiva inédita para o Train Simulator. Tratava-se de uma locomotiva de manobras que foram adquiridas pela Rede de Viação Paraná-Santa Catarina, que depois se tornou RFFSA, e cujas máquinas ainda são operacionais (exceto uma que pertenca agora para a ABPF-SC) na ALL. Enviei um e-mail pedindo se poderia fotografar a cabine da máquina, uma vez que modelar ela externamente com as fotos que existem livres em circulação na internet não seria difícil. A resposta foi um NÃO com a desculpa de que são regras de segurança da empresa.

Nosso amigo e administrador Julio Rail fez um comentário sobre os eixos motrizes da Stadler GTW 2/6, que pode ser conferido por volta dos dois minutos e vinte segundos de vídeo. Ele tem dúvida sobre o que seria o enorme cilindro acoplado ao eixo... eu apenas imaginava o que poderia ser, mas cheguei a comentar com ele sobre o que eu achava que aquilo era.

Pesquisando para descobrir, não encontrei nenhuma foto, porém o endereço do e-mail do fabricante eu encontrei. Resolvi escrever e hoje recebi a resposta:

Schörning Jürg RAIL escreveu:

Dear Sir

Rack vehicles have on the rackdrive special  brakes wich consists of a brake drum on wich a brake band applies the force. This system can handle with the much higher brake forces of the rack system compared with a adhesion brake.

Kind regards

Jürg Schöning

A tradução livre da resposta para o nosso português é:

Prezado Senhor,

Veículos de cremalheira possuem sistemas de freios especiais rackdrive. Ele consiste de um tambor de freio, onde lonas de freio aplicam a força. Esse sistema pode lidar com a força de frenagem muito mais elevada no sistema de cremalheiras comparado ao freio de adesão.

Atenciosamente.

Muito obrigado, Stadler Rail! Quisera Deus que as empresas de ferrovia brasileiras tivessem a boa vontade demonstrada por essa empresa com os fãs ferroviários.

Abraços do Edu.