Olá amigos participantes do fórum Railworks Brasil,
Vamos abrir um comentário diferente sobre os vídeos. O postado pelo amigo e administrador Julio Rail nos permite ver mais máquinas do acervo do Museu Ferroviário de Illinois.
O apelido de Little Joe começa em 1946, quando a GE recebeu um pedido das ferrovias Szhd (URSS) para construir a maior locomotiva de tração elétrica jamais produzida, a GE 2+D-D+2, que deveria rodar na rede de catenárias com tensão de 3.300 volts CC. Das vinte unidades produzidas, quatorze tinham rodeiros de bitola de cinco pés (1.524 mm) e as outras seis rodeiros de bitola padrão.
Enquanto elas eram montadas em Erie, EUA, os funcionários da empresa as batizaram de The Little Joe Stalin, homenageando o presidente russo Joseph Stalin, mas as relações entre os EUA e URSS se deterioraram naquilo que conhecemos como o período da Guerra Fria. Assim, quando elas ficaram prontas em 1948, o governo americano proibiu a sua exportação, porque alegava que eram muito estratégicas para ficarem nas mãos de comunistas russos.
Com um problemão nas mãos, afinal tinha uma série de máquinas montadas com características específicas para uma encomenda, mas agora sem comprador, a GE ofereceu suas poderosas máquinas para as empresas de ferrovia americanas e para a Cia. Paulista de Estradas de Ferro, que já operavam com as GE 2+C-C+2 (nossas famosas V8).
A Milwaukee se propôs a comprar o lote inteiro de locomotivas e todo o estoque de peças de reposição existente, mas pagaria apenas pouco mais do que se o material fosse vendido como ferro velho. Embora a GE tenha aceito a oferta, a diretoria da Milwaukee não liberou o pagamento de US$ 1.000.000,00.
Assim, em 1950, a Chicago South Shore & South Bend Railroad comprou três máquinas, que foram adaptadas para a tensão das catenárias de suas ferrovias, onde a tensão era de 1.500 volts CC. Como foram numeradas de 801 a 803, os ferroviários dessa empresa as chamavam de "oitocentas". Duas delas estão preservadas em museu (uma delas a dos dois vídeos desse post).
Em 1951, a Cia. Paulista de Estradas de Ferro comprou cinco máquinas, adaptadas para a nossa bitola larga e com funcionamento em catenárias com tensão de 3.000 volts CC. Enumeradas de 450 a 454 na Paulista, tornaram-se as máquinas de 6451 a 6455 na FEPASA, onde operaram até que a concessionária FERROBAN decretou o fim da tração elétrica nas ferrovias paulistas em 1999. Embora elas ainda não tenham ido para o maçarico, nenhuma está inteira. A 6452 está no Museu de Jundiaí, mas sem seus truques. A 6455 está na estação ferroviária de Bauru, mas em estado mais do que lastimável. As demais, jogadas no chão do pátio em Bauru, naquilo que era o pátio de Triagem da Paulista. Os ferroviários da CPEF apelidaram essas locomotivas de Russa por conta de todo esse rebuliço envolvendo as máquinas desde sua encomenda e montagem, até o desfecho final.
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Infelizmente, essa foto é apenas para a posteridade, pois duas das três máquinas guardadas no barracão jazem jogadas no chão do pátio de Triagem Paulista.
Quando os EUA entraram na Guerra da Coréia, a Milwaukee Road necessitou de mais locomotivas, e só então descobriu que o lote de máquinas que se propôs a comprar da GE resumia-se a doze locomotivas e que não haviam peças de reposição. Duas dessas unidades foram adaptadas para serviços de passageiros (designadas na Milwaukee Road como EP-4 de electric passengers 4) numeradas E20 e E21. As dez restantes foram designadas como EF-4, de electric freight 4, numeradas de E70 a E79. Apenas a E70 está em exposição estática em Deer Lodge, Montana, EUA. Os ferroviários da Milwaukee continuaram a chamar as máquinas pelo apelido dado pelos funcionários da GE, mas com o passar do tempo, o apelido encolheu para Little Joe.
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Poucas delas tiveram finais felizes, não é mesmo?
Abraços do Edu.