História da ferrovia Curitiba-Paranaguá

Olá Ian Carlos Deringer, Julio Rail, joao mayron souza crispim e demais amigos participantes do fórum Railworks Brasil,

Farei algumas considerações a respeito dos comentários dos amigos. Em 1992 a RFFSA foi incluída no programa de desestatização do governo federal, cujo planejamento e estudo pelo BNDES determinou a transferência do transporte ferroviário de cargas para o setor privado. As concessões foram entregues entre 1996 e 1998, e praticamente todos os trens de passageiros tiveram decretados a sua sentença de morte, sobrevivendo alguns por força de contrato e outros por iniciativa privada com vistas de turismo.

Desde que a liquidação da RFFSA se iniciou em 1999 até ser extinta por completo em 2007, o que não interessou às empresas que exploram a concessão das ferrovias foi devolvido para o Patrimônio da União.

A maioria absoluta das locomotivas a vapor foi retirada de circulação na década de 1960, portanto, a mais de quarenta anos. Sobreviveram ao corte e sucateamento aquelas que já estavam montadas em monumentos estáticos, aquelas que rodavam em ferrovias de bitolas estreitas, como foi o caso das locomotivas de São João Del Rey, Estrada de Ferro Dona Teresa Cristina e Estrada de Ferro Perus-Pirapora e as que já eram utilizadas em passeios turísticos.

Em Curitiba havia uma Mikado 2-8-2 fabricada pela Jung, a 157, que fazia o trem de Curitiba a Lapa, mas um problema sério em sua caldeira a fez ser vendida para sucata. A locomotiva número 11, uma Mogul 2-6-0, uma das primeiras locomotivas a vapor a circular pela ferrovia de Paranaguá a Curitiba pertence ao IPHAN, assim como muitos outros itens de material rodante espalhados pelo país. Esse material rodante não é vendido, porém, é cedido para qualquer um que queira mantê-lo, e se for operacional, melhor.

A 11 fazia parte do acervo do Museu Ferroviário, cujo pátio hoje é um shopping center em Curitiba. Com o objetivo de fazer um trem de turismo, cujo uso ainda é objeto de estudos das possibilidades existentes para circulação de uma locomotiva a vapor, ela foi removida para Rio Negrinho em Santa Catarina para restauração, mas para isso existe um custo que ainda não pode ser coberto pela ABPF Regional Paraná, cuja arrecadação vem exclusivamente de doações. A semestralidade que é paga para a ABPF Nacional que tem sede em Campinas não retorna para as regionais. Assim, aquelas que possuem algum atrativo como uma locomotiva operacional, tem possibilidades de organizar eventos para angariar fundos e continuar com a preservação do material que têm sob sua tutela, pois a propriedade é da União/IPHAN.

Nessa histórica ferrovia construída a partir de 1885, apenas algumas das estações ainda tem uso e são mantidas com algum zelo. A maioria delas foi desativada e as que não foram demolidas ou ruíram pelo desuso, receberam outras destinações, principalmente aquelas que foram entregues para as Prefeituras Municipais.

Infelizmente, dado a natureza pública deste fórum, não posso entrar em detalhes sobre o que a Regional Paraná da ABPF pretende fazer para um futuro próximo, mas se as parcerias continuarem surgindo e as portas sendo abertas, teremos novidades para breve.

Abraços do Edu.